Duração total: 30 meses (2 anos de aulas + 18 meses de estágio/TCC)
Carga horária semanal: 3h/aula (encontros síncronos) + atividades complementares
Para quem é: Nosso curso é destinado a pessoas que tenham ensino médio completo ou graduação em qualquer área, e desejam se qualificar para atuar na escuta psicanalítica a partir de uma perspectiva amefricana, afrocentrada e comunitária.
Matriz Curricular

Ano 1: - Módulos e Carga Horária(400h)
1. Fundamentos da Psicanálise Freudiana (Teoria e Técnica) – 100h
- O inconsciente, pulsões e sexualidade.
- Primeira e segunda tópica freudiana.
- Técnica: associação livre, interpretação e transferência.
- Críticas afrocentradas: o inconsciente pode ser também território ancestral?
2. Complexo de Édipo, Recalque e Fantasia – 60h
- Estrutura edípica e crítica cultural.
- Diálogo com mitos afro-brasileiros e orixás.
- Escuta na encruzilhada na clínica.
3. Lacan: Linguagem, Desejo e Significante – 60h
- O sujeito do inconsciente é efeito de linguagem.
- Desejo como falta-a-ser.
- Significante, cadeia significante e metáfora paterna.
- Crítica: e quando a língua materna foi silenciada pela colonização?
4. Estruturas Clínicas (Neurose, Psicose, Perversão) – 60h
- Diagnóstico estrutural e suas funções na clínica.
- O simbólico, o imaginário e o real.
- Limites eurocêntricos da universalização estrutural.
- Revisão desde a colonialidade e as práticas simbólicas africanas e ameríndias.
5. Jung: Arquétipos, Inconsciente Coletivo e Crítica ao Eurocentrismo – 60h
- Introdução aos arquétipos e imagens simbólicas.
- O inconsciente coletivo.
- Arquétipos e ancestralidade africana.
- A universalidade questionada: mito, símbolo e diversidade epistêmica.
6. Seminário de Crítica Amefricana– 60h
- Leituras e debates a partir de autores/as negros, indígenas e quilombolas
- Relação entre psicanálise clássica e epistemologias do sul.
- Exercícios de análise de casos clínicos com perspectiva amefricana.
- Escuta na encruzilhada na clínica.
Ano 2: - Módulos e Carga Horária(600h)
1.Fanon: Racismo, Alienação e Descolonização do Psiquismo – 60h
- Análise de Pele Negra, Máscaras Brancas e Os Condenados da Terra.
- Racismo e alienação do eu.
- Violência colonial e suas marcas psíquicas.
- Fanon como base para uma clínica insurgente e política.
2.Virgínia Bicudo-(80h)
- Neusa Santos
- Isildinha Baptista: A cor do inconsciente
- Subjetividade negra, racismo e clínica crítica no Brasil.
3.Amefricanidade e Valores Civilizatórios Afro-brasileiros – 100h
- Lélia Gonzalez: Amefricanidade como categoria político-cultural.
- Filosofia Ubuntu e ética do cuidado comunitário.
- Corpo, oralidade, tempo circular e memória ancestral.
4.Saberes Indígenas e Cosmologias do Cuidado – 80h
- Filosofias ameríndias: corpo-terra, sonho e espírito.
- Cura como reconexão com o território e o encantamento.
5.Módulo Quilombolas – Territórios de Resistência e Clínica Comunitária – 60h
- Quilombo como categoria política, espiritual e terapêutica.
- O cuidado como prática de reexistência.
6.Nêgo Bispo e a Contracolonialidade – 60h
- Filosofia do encantamento e do território.
- Oralitura e contracolonialidade como práticas clínicas.
7.Diversidade - 80h
1. Interseccionalidade e subjetividade
- Conceito de interseccionalidade (Crenshaw, Lélia Gonzalez, Carla Akotirene).
- Identidade como encruzilhada: raça, gênero, classe, sexualidade e religião.
- Os efeitos da norma branca, cis-heteropatriarcal e colonial no psiquismo.
2. Clínica com corpos dissidentes
- Descolonizar o olhar clínico sobre pessoas LGBTQIAPN+.
- Corpo como território de prazer, resistência e espiritualidade.
- Acolhimento de travessias de gênero e sexualidade em contextos afrocentrados.
3. Capacitismo, envelhecimento e invisibilidades
- O corpo com deficiência e a clínica da diferença.
- Envelhecer como rito ancestral e não como perda.
- Afeto e cuidado intergeracional nas comunidades negras e tradicionais.
4. Espiritualidade e diversidade religiosa
- Cuidar sem colonizar o sagrado: o terapeuta frente à fé do outro.
- O terreiro, a igreja e o templo como espaços de saúde mental comunitária.
- Ética da escuta inter-religiosa: o axé e o Espírito em diálogo.
8.Seminários de Psicanálise Amefricana – 80h
- Discussão de casos clínicos sob perspectiva decolonial.
- Uso dos Itan dos Orixás como chaves interpretativas simbólicas.
- Dinâmicas de escuta comunitária e tecnologias de encruzilhada.
- Exercícios de sombra, arquétipos africanos e individuação afrocivilizatória.


Ano 3: - Módulos e Carga Horária(480h)
1. Clínica Escola (Atendimentos Supervisionados) – 200h
- Atendimentos individuais e em grupo com população diversa, especialmente comunidades negras e periféricas.
- Aplicação prática dos fundamentos da psicanálise amefricana.
- Registros clínicos e devolutivas coletivas.
- Experiência com escuta comunitária e terapias afrocivilizatórias.
2. Supervisão Clínica – 120h
- Discussão de casos acompanhados na Clínica Escola.
- Supervisão coletiva e individual.
- Integração da teoria clássica, crítica decolonial e práticas afrocentradas.
- Construção de postura ética, política e espiritual na clínica.
3. Seminários Clínicos e Comunitários – 60h
- Apresentação de casos e relatos de experiência clínica.
- Interlocução com lideranças comunitárias, terreiros e quilombos.
- Discussão de práticas interdisciplinares de cuidado.
- Trocas com profissionais convidados/as da saúde mental e da espiritualidade.
4. Práticas de Encruzilhada – 60h
- Rodas de escuta e palavra como tecnologia terapêutica.
- Experiência formativa em terreiros, quilombos, comunidades tradicionais.
- Dinâmicas de Ubuntu e vivências coletivas de cuidado.
- Articulação da clínica com a dimensão espiritual, ancestral e cultural.
5. Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) – 40h
- Produção escrita ou projeto clínico-pedagógico relacionado à psicanálise amefricana.
- Orientação coletiva e individual.(conforme disponibilidade dos orientadores (1 encontro síncrono + orientações por e-mail e/ou whatsapp).
- Defesa pública ou apresentação em seminário final.
- Incentivo à publicação em coletânea da formação.
Clínica Escola – Formação em Psicanálise Amefricana
Objetivo:
Oferecer ao aluno experiência prática supervisionada em escuta clínica afrocentrada, articulando teoria, análise pessoal e supervisão dentro da proposta amefricana.
Estrutura
- Início: a partir do 2º ano (Mês 13 em diante).
- Duração: 18 meses (2º e 3º ano da formação).
Atividades:
1. Atendimento Clínico Supervisionado – escuta individual e grupal de pacientes da comunidade, com foco na população negra e diáspora africana.
2. Supervisão Clínica – encontros regulares em grupo com supervisores psicanalistas amefricanos.
3. Diário de Caso e Registro Clínico – fichas simbólicas de acompanhamento, respeitando sigilo e ética afrocentrada.
4. Clínica Coletiva e de Encruzilhada – rodas de escuta, terapias comunitárias e espaços de cuidado não convencionais, inspirados em práticas de terreiro, quilombo e Ubuntu.
Carga Horária da Clínica Escola
- Atendimentos clínicos: 200h (mínimo de 2 casos em andamento).
- Supervisão: 120h (grupo e individual).
- Seminários clínicos: 80h (apresentação e discussão de casos).
- Clínica coletiva/comunitária: 60h (dinâmicas em grupo, círculos de escuta, práticas de terreiro).
Total Clínica Escola: 460h


Quadripé Amefricano de Formação
A proposta formativa da Psicanálise Amefricana sustenta-se no Quadripé Amefricano de Formação, que amplia o tripé clássico da psicanálise e integra dimensões ancestrais e comunitárias do cuidado. Ele é composto por quatro pilares complementares:
1. Análise Pessoal – percurso de autoconhecimento, elaboração subjetiva e reencontro com a ancestralidade.
2. Supervisão Clínica – acompanhamento ético e técnico da prática de escuta, fortalecendo a responsabilidade do analista frente ao outro.
3. Formação Teórico-Prática – estudo sistemático da psicanálise clássica e das epistemologias afro-ameríndias e decoloniais, articulando teoria, clínica e território.
4. Vivência Comunitária e Ancestral – inserção em experiências de cuidado coletivo, terreiro, roda e axé como espaços legítimos de formação e transmissão de saber.
Eixos Transversais do Quadripé Psicanalítico
Durante todo o curso — com duração de 30 meses — o(a) estudante deverá cumprir os seguintes eixos estruturantes:
Análise Pessoal (obrigatória e individual)
- Frequência recomendada: 1 sessão semanal.
- Carga horária mínima: 100 horas ao longo da formação.
- Justificativa: elaboração subjetiva, implicação clínica e compromisso ético com a própria escuta.
Observação: a análise pessoal não está incluída no valor da formação. O(a) aluno(a) poderá realizá-la na Clínica-Escola Amefricana ou pelo Projeto Aquilombamente, mediante valores sociais.

Supervisão Clínica (coletiva e individual)
- Período: 2º e 3º anos da formação.
- Modalidade: supervisionada em grupo, com possibilidade de supervisão individual adicional.
- Estimativa: 120 horas coletivas (individuais opcionais).
As supervisões individuais não estão inclusas no valor da formação. O(a) aluno(a) poderá realizá-la com supervisores da Formação ou externos, mediante comprovação de horas.
Formação Teórica e Prática
- Atividades: aulas, seminários, leituras e práticas supervisionadas.
- Carga horária total: 340 horas (distribuídas entre o 1º e o 2º ano).
- Conteúdo: teoria psicanalítica clássica, pensamento decolonial, saberes afro-ameríndios e fundamentos da clínica ancestral.
Síntese da Estrutura Curricular do Quadripé Psicanalítico
| Eixo | Carga Horária | Período |
| Teoria e Prática | 600h | 1º e 2º anos |
| Análise Pessoal | 100h | ao longo dos 3 anos |
| Supervisão Clínica | 120h | 2º e 3º anos |
| Vivência Comunitária e Ancestral | Integrada aos módulos e projetos | contínua |
Resultados esperados
- Formação de psicanalistas amefricanos com experiência prática consistente.
- Desenvolvimento de escuta clínica crítica e decolonial.
- Produção de TCC fundamentado em casos clínicos, experiências comunitárias ou pesquisa afrocentrada/ameríndia.
Carga Horária Total: 1.600h
- Teoria e seminários:: 1000h
- Análise pessoal: 100h (mínimo, paralela a toda a formação)
- Supervisão: 120h
- Clínica Escola/Estágio: 340h
- TCC pesquisa e orientação individual: 40h

Calendário da Formação em Psicanálise Amefricana (2026–2028)
| Ano | Início | Recesso (julho) | Retorno | Término | Férias de Verão | Dia das Aulas |
| 1º Ano | 18/02/2026 | 16/07–04/08 | 05/08 | 16/12 | 17/12/26–16/02/27 | Quartas-feiras |
| 2º Ano | 17/02/2027 | 15/07–03/08 | 04/08 | 15/12 | 16/12/27–15/02/28 | Quartas-feiras |
| 3º Ano | 16/02/2028 | 13/07–01/08 | 02/08 | 13/12/2028 | — | Quartas-feiras |
Observações Gerais
- Duração: 30 meses (3 anos letivos).
- Carga horária total: 1.600h.(teoria + leituras obrigatórias + aulas assíncronas).
- Encontros semanais: quartas-feiras, das 19h às 22h (3h/aula).
- Férias de inverno: duas semanas de julho de cada ano.
- Férias de verão: entre dezembro e fevereiro de cada ano.
- Feriados e recessos prolongados serão compensados com atividades assíncronas (leituras, rodas de axé, supervisões simbólicas).

Reconhecimento Legal e Natureza da Formação em Psicanálise Amefricana
1. A Psicanálise como Campo Autônomo e Laico
A psicanálise é reconhecida no Brasil como uma ocupação autônoma pelo Ministério do Trabalho e Emprego, conforme a Portaria nº 397, de 09 de outubro de
2002, que institui a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) sob o código 2515-50. Essa classificação legitima o ofício do psicanalista como uma prática livre, laica e independente de conselhos profissionais, cujo exercício é pautado por critérios éticos e metodológicos definidos pelas próprias instituições psicanalíticas formadoras.
A psicanálise, portanto, não é uma especialização acadêmica, mas uma formação específica, orientada por princípios clínicos, éticos e epistemológicos próprios. Por não estar vinculada à medicina, psicologia ou religião, é considerada uma ciência laica, podendo ser exercida por qualquer pessoa que tenha cumprido uma formação psicanalítica reconhecida.
2. Amparo Constitucional e Jurídico
O exercício da psicanálise é amparado pelo Artigo 5º da Constituição Federal, especialmente pelos incisos:
II – “Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”; XIII – “É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer.”
Como não há lei que restrinja ou regulamente a psicanálise, ela é entendida como atividade de livre exercício profissional, desde que observadas as normas éticas e formativas das instituições competentes. Assim, o psicanalista é um profissional autônomo, com liberdade de atuação assegurada pela Constituição e pela CBO nº 2515-50.
3. A Formação em Psicanálise Amefricana
A Formação em Psicanálise Amefricana é uma formação livre, ética e reconhecida, que integra os fundamentos da psicanálise clássica com as epistemologias afro-diaspóricas e ameríndias, as filosofias do cuidado ancestral e a crítica decolonial. Nosso curso é destinado a pessoas que tenham ensino médio completo ou graduação em qualquer área, e desejam se qualificar para atuar na escuta psicanalítica a partir de uma perspectiva amefricana, afrocentrada e comunitária.
A proposta formativa sustenta-se no Quadripé Amefricano de Formação, composto por:
1. Análise Pessoal – percurso de autoconhecimento, cura e reencontro com a ancestralidade;
2. Supervisão Clínica – acompanhamento ético e técnico da prática de escuta;
3. Formação Teórico-Prática – estudo da psicanálise clássica e das epistemologias africanas e decoloniais;
4. Vivência Comunitária e Ancestral – inserção em experiências de cuidado coletivo, terreiro, roda e axé como espaços legítimos de transmissão de saber.
4. Titulação e Ética da Formação
Ao concluir integralmente o percurso formativo, o(a) estudante receberá o Título de Psicanalista Clínico(a) e Psicanalista Amefricano(a), conferido pela instituição formadora, em conformidade com o código CBO nº 2515-50 do Ministério do Trabalho e com as diretrizes da formação livre em psicanálise.
O título de Psicanalista Clínico(a) reconhece a capacidade técnica, teórica e ética para o exercício da escuta psicanalítica em diferentes contextos. Já o título de Psicanalista Amefricano(a) reconhece a inserção do analista numa epistemologia afrocentrada e decolonial, que entende o inconsciente como território histórico, ancestral e comunitário — lugar onde a cura se faz também como reexistência e reconexão com o axé.
Contudo, mais do que títulos, a psicanálise é uma ética de ser e de escutar. A formação não se encerra com o certificado: ela é contínua, viva e comprometida com a transformação de si e do mundo. Ser psicanalista é estar sempre em formação, escutando o outro e a si mesmo como exercício ético de responsabilidade e humanidade. Na Psicanálise Amefricana, essa ética é também ancestral: é o
compromisso de cuidar da palavra como se cuida de um axé, de reconhecer no silêncio a memória de um povo, e de fazer da escuta um gesto político, espiritual e comunitário.
Títulos Conferidos
- Psicanalista Clínico(a)
- Psicanalista Amefricano(a) – Formação Livre em Psicanálise Amefricana, com ênfase em Clínica Decolonial, Escuta Ancestral e Cuidado Afrocentrado.

Observação: o conteúdo da grade curricular poderá ser acrescentado ou atualizado conforme o desenvolvimento da formação e as diretrizes pedagógicas do Projeto Aquilombamente.
Pré Inscrição
Matrículas abertas a partir de 15/11!
Os(as) pré-inscritos(as) receberão notificação por WhatsApp e/ou e-mail com as orientações para efetivação da matrícula.

